quarta-feira, 11 de maio de 2011

Prazo de validade

Prazo de validade
TONICO PEREIRA
Oensino no Brasil, há muito
tempo, não sobrevive em excelência,
apesar da boa vontade de alguns
(Anísio Teixeira, Paulo Freire e
Darcy Ribeiro). A má vontade de
muitos, que não gerenciam bem a
matéria, às vezes por falta de
recursos, outras por falta de vontade
política ou por desonestidade
mesmo, impede a excelência de
sobreviver na nossa rede de ensino.
A partir dessa constatação, resumida
e verdadeira, resolvi sonhar com um
ensino autossustentável
financeiramente e que se fizesse
interessante o suficiente para a
vontade política torná-lo prioridade
e includente de todas as classes
sociais, sem lançar mão de um
raciocínio cotista e simplista onde
habita o berço/raiz da discriminação.
Ao combater uma discriminação não
devemos usar outra como linha de
pensamento contrário, mas sim
lançar mão de horizontes mais largos,
como um verdadeiro Mandela, líder
sim de um povo e não de uma raça
— se é que existem raças onde
sobrevive o homem.
Vou tentar agora materializar meu
sonho com o meu parco
conhecimento matemático, mas
tendo a imaginação que Deus me
deu como aliada. Salve a
imaginação!
Seria mais ou menos assim: todos
os formados em universidades
federais, estaduais e municipais
passariam a contribuir através de um
carnê, de valor insignificante e
apenas simbólico para quem
contribui, mas de altíssima
significância para o ensino brasileiro,
e que não excederia a 1% de um
salário mínimo por mês durante todo
o tempo de vida profissional útil do
exuniversitário (desde que
empregado). Recursos estes que
deveriam ser gerenciados por uma
fundação de abrangência nacional e
revertidos sistematicamente em
caráter exclusivo ao ensino
fundamental, médio e superior.
Transformando em cidadãos a nossa
juventude e funcionando como
contrapartida automática e justa sem
lançar mão de recursos
discriminatórios (cotas) que nos
levam — aí sim — ao conceito e
aceitação de cidadãos de segunda
classe, que nós brasileiros temos de
recusar peremptoriamente, pois o
que queremos é sonhar e realizar a
integração maior do nosso povo, não
só no carnaval e no futebol, mas,
principalmente, nas salas de aula,
essência maior do cidadão.
Eu reconheço no ser humano a
capacidade de ser fundamentalmente
e prioritariamente uno e só por isso
me encorajo a ponto de externar a
minha posição sincera e sem
subterfúgios, mas é claro que existem
urgências que necessitam ser sanadas
imediatamente. Que não poderiam
esperar o tempo necessário para
implantação desta proposta,
portanto, até lá, poderíamos
conviver com o sistema de cotas,
desde que tenha um prazo de
validade de alguns anos proposto por
alguém de direito e conhecimento.
O resto é anomalia e ignorância.
E, mais uma vez, se me permitem
brancos, negros, índios, imigrantes
em geral, pobres e ricos: viva
Mandela!
TONICO PEREIRA é ator.

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